Autora: Juno Dawson
Editora: Saída de Emergência
Publicação: Setembro de 2018
Género: Romance
Nº de Páginas: 352
Sinopse
«Consigo senti-lo a nadar nas minhas veias como purpurinas…
É ouro líquido. Quando a socialite Lexi Volkov quase morre com uma overdose, pensa que bateu no fundo. Está enganada. A jovem bate no fundo quando é obrigada a entrar para uma exclusiva clínica de reabilitação. A partir daí as coisas só podem melhorar para Lexi e os companheiros de reclusão, incluindo o misterioso Brady.
À medida que enfrenta os seus demónios, Lexi compreende que o amor é a mais poderosa de todas as drogas… Mas o caminho para ficar limpa é longo e sujo…»
Capa: ★★★★★
Enredo: ★★★★☆
Escrita: ★★★★★
Personagens: ★★★★★
Avaliação Final: ★★★★☆
Aviso de Conteúdo: drogas, transtornos alimentares, transtornos mentais, álcool, suicídio, auto-mutilação, morte;
Este livro já estava na minha wishlist desde 2019, quando ouvi falar dele no Book Gang da Helena Magalhães, mas na altura não calhou comprá-lo. Quase um ano depois, a Mariana do canal Banal Girl falou dele em uma das reuniões do Clube do Livro e, para mim, foi como um sinal divino.
A história começa com a jovem socialite de 17 anos, Lexi, a ser arrastada pelo irmão para uma clínica de reabilitação no meio de nenhures, que mais parece um resort. A partir daí, acompanhamos todo o seu processo de desintoxicação e a luta contra o vício das drogas. Como protagonista, Lexi é maravilhosa. Sarcástica, inteligente e demasiado honesta para se pôr com rodeios, mas, ainda assim, vulnerável o suficiente para se permitir aprender e evoluir com uma jornada cheia de altos e baixos. As suas intervenções, azedas e certeiras, abordam a vida de uma forma tão brutalmente hilariante que é impossível não rir com as coisas que ela diz.
«É tudo tão improvável. Como posso ser «uma toxicodependente»? Tenho 17 anos. De certa forma, sempre aspirei a ter um problema com a coca ao virar dos 30, mas isto, nunca. Isto é mortificante. Quando o Nik me obrigou a sentar, há uns seis meses, depois de… bem, quando ele me fez sentar para me dar um sermão acerca do meu comportamento, achei que era giro, um irmão mais velho desnecessariamente preocupado. Não percebi que ele me via. Que me via verdadeiramente. Porque é que eu não vi também?»
Os acontecimentos estão organizados em partes que simulam o modelo do Programa dos Dez Passos (sim, eu sei que são 12, mas não neste livro) e cada uma aborda uma fase especifica do tratamento de Lexi. Pelo meio, há a intervenção de outros pacientes da clínica, cada um com o seu próprio transtorno. As suas histórias são tão interessantes e bem apresentadas que não havia uma única personagem sobre a qual eu não quisesse descobrir mais. Aqui tudo é esmiuçado, e mesmo sendo através da visão privilegiada de uma adolescente a quem nunca faltou nada, é uma análise muito crua, com cenas de revirar o estômago.
Um dos aspectos que mais gostei foram as referências pop. Há de tudo: livros, filmes, séries, celebridades… é uma invocação de temas atuais que torna a aproximação com o leitor muito mais fácil, sobretudo porque, contrariamente ao que é comum em Portugal, a tradução esforçou-se por se manter o mais fiel à linguagem coloquial, sem eufemizar palavrões e sem interpretar o texto de forma «politicamente correta».
«Agora é ele que abana a cabeça.
— Não é a mesma coisa, Lex.
— Eu acho que é. Porque é que eu não te culpo, tu não me culpas, mas ambos nos culpamos a nós mesmos?
Ele olha-me directamente nos olhos.
— Porque nos odiamos.»
A história é incrível. Só houve um aspecto que me deixou de pé atrás — o final. Senti que depois do clímax as coisas ganharam um ritmo muito mais desleixado e acelerado, como que a despachar para chegar ao fim. O problema não foi da resolução em si, mas da forma como foi apresentada. Ainda assim, é um livro que recomendo e, com certeza, um dos favoritos do ano.
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