Sempre que publico a minha opinião sobre um livro com uma temática mais pesada, faço questão de escrever um aviso de conteúdo. Para quem não sabe, um aviso de conteúdo (ou trigger warning) é uma pequena nota que se encontra no início de um livro, vídeo, foto, etc. que alerta o público para a presença de conteúdos sensíveis que possam reviver lembranças de algum evento traumático e susceptíveis a desencadear sintomas em pessoas com distúrbios de ansiedade. A esse tipo de estímulos dá-se o nome de gatilhos. Os gatilhos podem ser qualquer coisa, desde uma cena descritiva a uma mera menção subentendida.
Acredito que todos nós temos a responsabilidade de cultivar este tipo de sensibilidade e fazer a nossa parte para proteger quem nos segue. Não sabemos a história de toda a gente e nem sempre compreendemos até que ponto o que partilhamos pode ser prejudicial para alguém. Os avisos de conteúdo são uma forma simples e eficiente de prevenção.
Lembra-te sempre que o que a nós não nos custa nada, a alguém pode custar tudo.
Não existe uma norma específica para a criação de um aviso de conteúdo, no entanto, é preciso ter atenção a alguns aspetos:
1. Conhece o conteúdo
Antes de escreveres o teu aviso de conteúdo, tens de saber aquilo que estás a prevenir. No caso dos livros, seria útil ires escrevendo uma lista dos assuntos abordados que achas que possam causar algum tipo de perturbação, para no final não te esqueceres de nada.
2. Insere o aviso antes do conteúdo
Lembra-te que o aviso de conteúdo deve estar antes do conteúdo em si, se não perde todo o propósito.
3. Não deixes nada de fora
Imagina que o livro que estás a ler faz menção a um determinado tópico mais sensível, mas apenas de forma subliminar, será que vale a pena inseri-lo no aviso de conteúdo? A resposta é sim. Por muito pequeno que te possa parecer a ti, para alguém pode tomar outras proporções.
4. Cuidado com os spoilers
Existe uma linha muito nítida que separa um aviso de conteúdo de um spoiler. Os avisos de conteúdo apenas enumeram as temáticas mais sensíveis que poderão ser abordadas, mas não descreve de que forma. Por exemplo, no caso de um livro que aborde violência doméstica, basta avisarem que esse é um tema presente, não precisam de dizer que é a Personagem X que ataca a Personagem Y, e muito menos de fazer uma transcrição da cena.
Sem Comentários