Opiniões

“Fangirl” de Rainbow Rowell

Autora: Rainbow Rowell
Editora: Chá das Cinco
Ano de Publicação: 2015
Género: Romance Young Adult
Nº de Páginas: 446

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Sinopse

«Cath ama os seus livros e a sua família. Haverá espaço para mais alguém?

Todo o mundo é fã dos livros de Simon Snow. Mas Cath vai mais longe: ser fã desses livros tornou-se a sua vida. Ela e a sua irmã gémea, Wren, refugiaram-se na obra de Simon Snow quando eram miúdas, e na verdade foi isso que as salvou da ruína emocional que foi a perda da mãe.
Ler. Reler. Interagir em fóruns, escrever ficção baseada na obra de Simon Snow, vestir-se como as personagens dos livros. Mas essas fantasias deixam de fazer sentido quando se cresce, e enquanto Wren facilmente abandona esse refúgio, Cath não consegue fazê-lo. Na verdade, nem quer.
Agora que vão para a universidade, Wren não quer ficar no mesmo quarto de Cath. E esta fica sozinha e fora da sua zona de conforto. Partilha o quarto com uma miúda arrogante; tem um professor que despreza os seus gostos; um colega atraente mas que apenas fala sobre a beleza das palavras… e, ainda por cima, Cath não consegue parar de se preocupar com o seu pai, tão querido, frágil e solitário.

A pergunta paira no ar: será que ela consegue triunfar sem que Wren lhe dê a mão? Estará preparada para viver a vida em seu nome? Escrever as suas próprias histórias? E se isso significar deixar Simon Snow para trás?»

Capa: ★★★★☆
Enredo: ★☆☆☆☆
Escrita: ★★★★☆
Personagens: ★★☆☆☆
Avaliação Final: ★★☆☆☆

Este era um daqueles livros que tinha tudo para ser bom. Personagens relacionáveis, ambiente universitário, um fandom de um fenómeno literário sobre um jovem feiticeiro que entra numa escola de magia e de bónus, insights de escrita criativa.

Vou começar por aquilo que mais me incomodou – a protagonista. Achei que depois de ter levado com Scarlett, em Caraval, me fosse concedida uma pausa das protagonistas exasperantes, mas eis que surge Cath para dar continuidade ao infortúnio. 

«— Não — disse Cath. — A sério. Olha bem para ti. Tens as ideias em ordem, não tens medo de nada. Eu tenho medo de tudo. E sou louca. Tipo, sei que julgas que sou um bocadinho louca, mas na verdade só deixo as pessoas ver a ponta do icebergue da minha loucura.»

Consegui relacionar-me com a protagonista e revi-me em muitas das cenas que ilustravam a sua dificuldade em socializar, acabando por me entusiasmar com a promessa de uma história leve e divertida. Eis que, com o desenlaçar da narrativa, me apercebo que Cath não passa de uma criança de 8 anos presa no corpo de uma jovem adulta.

Entendo que a mudança seja um processo difícil, mas Cath nem se dá ao trabalho de tentar porque acredita que é algo que está abaixo dela. Está satisfeita na sua bolha, onde pode isolar-se num mundo que ela própria criou e julga toda e qualquer pessoa que se atreva a agir de forma diferente. Foi muito frustrante ler os altos e baixos da relação de Cath com a gémea e ver a situação a ser retratada como se querer conhecer pessoas novas e parar de escrever fanfic fosse errado. Senti que em vez de apostar num caminho que guiasse Cath num arco de evolução e maturidade, o enredo trilhou um percurso que a levou exatamente ao mesmo sítio onde começou. A evolução da protagonista foi quase nula e o arco narrativo bastante raso. No que diz respeito às restantes personagens, apenas Levi e Wren me despertaram o interesse, e mesmo esses tiveram um desenvolvimento muito secundário.

«Tinha levado anos a que os três conseguissem voltar a juntar os cacos, por isso que interessava que algumas coisas não tinham voltado ao sítio correto? Pelo menos conseguiam aguentar-se em pé.»

A história não tem um enredo estruturado, guiando-se por uma sucessão de eventos totalmente desconexa e pela forma como a protagonista reage, um método que quando não é bem gerido, resulta num loop contínuo de irrelevâncias, que foi exatamente o que se me deparou após o esvanecer do entusiasmo das primeiras páginas. Pelo meio, havia vários excertos da fanfic de Cath que creio que intentavam criar uma ponte com os acontecimentos, mas que foram puro desperdício de páginas. Perdeu-se o ritmo e com ele o interesse. 

Não sei como, convenci-me a avançar até ao fim e acabei por me desiludir ainda mais. A autora deixou muitos pontos soltos e não aprofundou alguns dos temas abordados merecedores de mais atenção, como os traumas de Cath com a mãe ou a doença do pai. 

Destaco a escrita, que foi das poucas coisas que realmente se aproveitaram neste livro.

 

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