Opiniões

“O que nos Magoa” de Diogo Simões

Autor: Diogo Simões
Editora: Cordel D’Prata
Ano de Publicação: 2019
Género: Romance Young Adult
Nº de Páginas: 347

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Sinopse

«Tudo o que Francisca desejava como prenda de aniversário era descobrir o que a vida lhe reservava para o futuro. Na noite em que completa dezoito anos, conhece Daniel, um jovem que lhe desperta novos sentimentos. Com um passado recheado de medos, Francisca deixa-se envolver pelo rapaz misterioso, que parece saber tudo sobre ela. O que não imagina é que os seus caminhos já se cruzaram antes e Daniel, que aparentava agir por mera inocência tem, na verdade, um segredo capaz de aprisioná-la na memória mais marcante da sua vida.»

 

Capa: ★★★★☆
Enredo: ★★☆☆☆
Escrita: ★★★☆☆
Personagens: ★★★☆☆
Apreciação Geral: ★★☆☆☆

Precisei de algum tempo para refletir antes de escrever esta avaliação. Comprei o O que nos Magoa com as expectativas de um romance diferente, provocante e inovador pelas temáticas.

Mas não foi, de todo, o livro que li.

Quando faço a apreciação de um livro, gosto de o avaliar como um todo. Não é só a história que faz um bom livro e nem apenas ao autor pertence essa responsabilidade, pelo menos neste formato de publicação. Começo então por apontar o que mais me perturbou – a incompetência gritante em todos os aspectos da revisão deste texto. Quando compro um livro, independentemente de quaisquer expectativas que tenha para a história, estou à espera de um produto trabalhado. É o princípio básico da relação vendedor/comprador. Em vez disso, deparei com erros ortográficos, palavras comidas, frases mal construídas, entre outros desazos sistemáticos. Também faço revisão de texto e sei reconhecer uma distração. Mais do que isso, sei respeitá-la. Mas também sei reconhecer quando um texto não passou por uma fase de revisão, por muito que a ficha técnica me tente convencer do contrário. É uma falta de respeito, não só para com o autor que vê um trabalho de anos desvalorizado, mas também para o leitor que gasta o seu dinheiro num produto defeituoso, o equivalente a ter comprado uma camisola cheia de buracos. É o segundo livro que leio da Cordel D’Prata (curiosamente, ou não, revisto pela mesma pessoa) e o segundo que vem com este problema. Não se trata de um acaso nem de um evento isolado, mas sim da falta de atenção e profissionalismo da editora, e por isso deixo aqui, publicamente, o meu mais profundo descontentamento.

Que vergonha.

«(..) Daniel confessara estar apaixonado por mim. E saber isso, lidar com o peso dessas palavras numa altura em que eu não me sentia nada definida nas minhas emoções, era ser retorcida vezes e vezes sem conta.»

No que ao resto diz respeito, cativou-me o cenário português e o enquadramento da etnia cigana na narrativa, uma das comunidades mais marginalizadas em Portugal. Não me identifiquei com a protagonista nem com o romance principal, mas em compensação perdi-me de amores pelas personagens secundárias, nomeadamente o Gonçalo e a Dona Madalena. A história realmente toca em assuntos importantes, mas não passa disso. Limita-se a tocar, a “molhar os pézinhos”, pecando pela falta de aprofundamento. Incomodou-me que por tantas vezes tenha sido abordado o preconceito contra a etnia cigana para mais tarde as únicas personagens ciganas do livro serem retratadas como criminosas. Foi o reforçar de um estereótipo negativo que agiu totalmente contra o que achei que fosse um dos propósitos da história e que, de certa forma, ainda que inconsciente, alimentou este estigma.

Senti falta de mais perspectivas do Daniel, que apesar de ter vários momentos de narração, não dedicou nenhum deles a mostrar a sua relação com os amigos, que dizia ser tão próximos, nem com os avós, parte tão importante da sua história. Achei que o enredo se focou demasiado na relação de Francisca e Daniel em detrimento dos arcos secundários, que deixaram bastantes pontas soltas. Foi uma daquelas histórias que não consegui sentir por ser uma narrativa tão apegada ao conceito de relato. Todos os momentos cruciais foram contados pelas personagens em vez de serem vividos, transpostos e manifestados. Tudo me foi dito e nada me foi mostrado e com isso perdeu-se a magia.

 

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