Autor: Mary Shelley
Editora: Edições ASA
Publicação: Maio de 2015
Género: Ficção Científica/Gótico
Páginas: 240
Sinopse
«Mary Shelley começou a escrever Frankenstein quando tinha apenas dezoito anos. Simultaneamente um thriller gótico, um romance apaixonado e um conto de advertência sobre os perigos da ciência, Frankenstein conta a história do estudante de ciências Victor Frankenstein. Obcecado em descobrir a origem da vida e conseguindo animar matéria inerte, Frankenstein monta um ser humano a partir de partes do corpo roubadas; porém, ao trazê-lo à vida, recua horrorizado ante a fealdade da criatura. Atormentada pelo isolamento e pela solidão, a criatura outrora inocente vira-se para o mal e desencadeia uma campanha de vingança assassina contra o seu criador, Frankenstein.
Frankenstein, um best-seller instantâneo e um antepassado importante do terror e da ficção científica, não só conta uma história aterrorizante, como também suscita perguntas profundas e perturbadoras sobre a própria natureza da vida e o lugar da humanidade no cosmos: o que significa ser humano? Quais são as responsabilidades que temos uns com os outros? Até onde podemos ir na manipulação da Natureza? Na nossa época, cheia de notícias sobre a engenharia genética, doação de órgãos e bioterrorismo, estas questões são mais relevantes do que nunca.»
Apreciação
Enredo: ★★★★☆
Escrita: ★★★★★
Personagens: ★★★★☆
Apreciação Geral: ★★★★★
Opinião
Li este livro por recomendação da Beatriz (@testabooks) e foi uma experiência extraordinária. Frankenstein é um clássico do século XIX, história primórdia das narrativas sobre inteligência artificial, e é contada com tanta maestria que até custa acreditar que Mary Shelley tinha apenas 19 anos quando a escreveu.
A premissa é conhecida. Victor Frankenstein ambiciona derrubar as barreiras da ciência conhecidas pelo homem e triunfa ao desvendar a fórmula da origem vida, que aplica na criação de uma criatura gloriosa, testemunho da sua inteligência e audácia.
Ou será que não?
Há muitos aspectos positivos a destacar neste livro. A escrita, tão bela e erudita e, ainda assim, de fácil compreensão, a narrativa que, apesar do ritmo lento, conseguiu manter-me interessada desde a primeira página, o mosaico de temáticas e possibilidades de interpretação. A relação construída entre criatura e criador é aterradora, e os vislumbres que temos de ambas as perspectivas conferem à história uma complexidade apaixonante que suscita reflexões sobre a dualidade do ser humano e a sua verdadeira natureza. Há diversas perspectivas para esta história, mas eu decidi falar da que mais fez sentido para mim. Além do óbvio questionamento sobre o que é realmente condenável, ressoou-me o papel da sociedade em toda a situação. Frankenstein pode ter criado a criatura, mas foi a sociedade que criou o monstro através da ostracização, do medo, da recusa em reconhecer na criatura os traços de humanidade, eclipsados pelas diferenças (essencialmente físicas) que o separavam do resto da população. Que retrato tão factual, tão histórico e intrínseco do que é a nossa atualidade.
Talvez não seja uma leitura ideal para quem não aprecia histórias de ritmo lento e escrita abundante em detalhes, mas para quem se sentir à vontade com o estilo, será com certeza uma experiência a recordar.
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