Autora: Holly Bourne
Editora: Topseller
Publicação: Outubro de 2020
Género: Romance Young Adult
Páginas: 368
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Independente | Wook | Bertrand | Editora
Sinopse
«Serenatas românticas, beijos à chuva e declarações de amor épicas… Isto só acontece nos filmes!
A Audrey não quer saber de amor nem de paixões piegas. A vida dela já tem drama que chegue! Para fugir ao caos que se instalou em casa, ela arranja um trabalho no cinema local, sem imaginar que é precisamente aqui que vai encontrar um drama chamado Harry.
O Harry é um aspirante a realizador de cinema e encaixa em todos os clichês lamechas dos grandes romances. Rosas vermelhas, velas e charme de bad boy, ele vai tentar de tudo para conquistar a descrente Audrey. Mas, por favor, poupem-na! É bem sabido que o amor da vida real não é como nos filmes, certo? Ou talvez a Audrey se surpreenda…
Isto Só Acontece nos Filmes recebeu excelentes críticas e é um romance sobre romance, um grito feminista aos estereótipos impostos às jovens raparigas e uma leitura absolutamente hilariante.»
Aviso de conteúdo: este livro contém cenas gráficas de violência, alcoolismo, depressão, auto-mutilação, consumo de drogas, tentativa de suicídio e distúrbios do foro mental e psicológico;
Apreciação
Capa: ★★★★★
Edição: ★★★☆☆
Escrita: ★★★☆☆
Enredo: ★★★☆☆
Personagens: ★★★☆☆
Responsabilidade: ★★★☆☆
Sentimento: ★★★★★
Apreciação Geral: ★★★★☆
Opinião
“Isto Só Acontece Nos Filmes” foi um dos livros nomeados para a categoria de “Melhor Protagonista” dos Prémios Literários “A Escolha Do Bookstagram” de 2020. É uma história fundamentada nos clichês a que este género já nos habituou, mas a autora procurou utilizar essa previsibilidade a seu favor, tornando-a num elemento fulcral da narrativa e desconstruindo-a através da protagonista.
Audrey é uma jovem aspirante a atriz a recuperar de um coração partido. Harry é o bad boy com daddy issues que sonha ser realizador de filmes. O resto da história escreve-se sozinha. Entre o romance conturbado e diversas referências cinematográficas, temos também vislumbres da família despedaçada de Audrey e da responsabilidade laboriosa que recai sobre si quando, após o divórcio, a mãe de Audrey se deixa consumir pelo álcool e pelo desespero.
Gostei da abordagem feminista à padronização cinematográfica do romance. Gostei do murro no estômago da premissa “tu não és como as outras raparigas”. Gostei do desenvolver da relação entre a Audrey e o Harry. Gostei da abordagem realista ao sexo. A tensão do clímax foi sendo construída ao longo dos capítulos iniciais e, apesar de previsível, conseguiu culminar numa cena perturbadoramente impressionante. O final foi a cereja no topo deste bolo de clichês reinventados, o único que fazia sentido para uma história como esta.
No geral, foi uma boa história.
Mas não foi perfeita.
Senti que alguns aspectos importantes na história foram relegados para segundo plano, não tendo obtido a profundidade necessária para se tornarem mais que meros adereços à jornada da protagonista. O Harry foi muito pouco desenvolvido e acabei o livro a saber tanto sobre ele como sabia no primeiro capítulo. A sua existência gravitou em torno da necessidade de fazer a Audrey viver uma história de amor um com bad boy, foram mencionadas algumas frustrações típicas da sua posição, como os problemas com a família e a tendência a quebrar corações, mas nada disso foi devidamente explicado. O arco inicial entre a Audrey e o Milo também me pareceu raso, teve a sua importância nos primeiros capítulos e depois resolveu-se, como que por magia. O arco da família da Audrey também deixou a desejar, a forma como a condição da mãe e o envolvimento do irmão foram esmiuçados conforme a necessidade de impulsionar o estado de espírito da Audrey e a forma superficial como tudo se resolveu no final.
Não me consegui conectar com o enredo, nem com as personagens, e a escrita também não me impressionou, mas não posso negar que foi uma história que me envolveu do início ao fim, com alguns momentos cómicos, que deixou espaço para muitas reflexões sobre a visão contemporânea do amor e as expectativas irrealistas que nos são impingidas pelos filmes.
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