Recentemente acabei um ciclo de releitura dos livros de Harry Potter e, ao voltar a imergir neste universo que tanto adoro, não pude deixar de reparar em algumas coisas que me deixaram confusa e um tanto chateada. Desde personagens exasperantes a aspectos do enredo que simplesmente não fazem sentido, deixo-vos com seis coisas que me deixaram indignada em Harry Potter.
1. A Inutilidade de Ron Weasley
Começo por aquela que, para mim, se trata da personagem mais irritante de toda a saga. Sim, ele mesmo, o pseudo melhor amigo de Harry que passa a vida a tratá-lo com condescendência por não ter tanto conhecimento do mundo dos feiticeiros, que o quer ver bem contanto que não esteja melhor que ele e que não hesita em abandoná-lo nos piores momentos. Já para não falar na forma como rebaixa a Hermione. A própria definição de macho escroto. Até hoje não me conformo que eles tenham acabado juntos, a Hermione merecia muito melhor.
2. A Fraqueza dos Hórcruxes
Para mim, toda a inserção dos hórcruxes no enredo é genial, desde o valor que o Voldemort agregou aos objetos até ao próprio conceito de dividir a alma em sete (alô, simbologia?). No livro é descrito como um dos níveis mais densos, complexos e avançados de magia das trevas, é criada toda uma aura de misticismo e imponência em seu redor, mas acabou por perdeu a credibilidade quando a J.K se lembrou de inventar que o veneno de basilisco era a única forma de destruir um hórcrux. Sendo assim, porque não deixou o Harry de ser um hórcrux no segundo livro, quando foi mordido pelo Basilisco na Câmara dos Segredos? E se o Voldemort o conseguiu destruir com um simples Avada Kedavra, quer dizer que bastaria esse feitiço para destruir os restantes hórcruxes, incluindo a Nagini?
3. O Complexo de Deus de Dumbledore
Não me interpretem mal, eu adoro o Dumbledore, no entanto, após uma releitura atenta, percebi que há coisas a que não consigo fechar os olhos. Sabem aquela frase que diz que os planos de Deus são insondáveis? O mesmo se aplica ao Dumbledore. O mundo é como um tabuleiro de xadrez cujas peças ele manipula conforme os seus caprichos. Nunca ninguém sabe o que lhe passa pela cabeça porque ele recusa-se a partilhar os seus planos, mas não hesita em arriscar a vida dos que lhe são fiéis para os levar a cabo, incluindo a do próprio Harry, que no fundo não passou de um fantoche nas mãos de Dumbledore. Talvez se deva à percepção que Dumbledore tem de si próprio como sendo intelectualmente superior a toda a gente, que tecnicamente é verídica, mas um pouco de humildade de vez em quando nunca fez mal a ninguém.
4. Harry Potter na Puberdade
Não posso ser a única a ter percebido que o Harry se torna absolutamente insuportável entre o terceiro e o penúltimo livro. Não sei se é da adolescência ou do facto de nunca conseguir ter um ano sossegado sem alguém a tentar matá-lo, mas, seja o que for, é de esgotar a paciência a qualquer um. Faz parte do crescimento e de certo que já todos passámos por isso, mas confesso que dei por mim a revirar os olhos muitas vezes, sobretudo nas cenas em que Harry se tornava agressivo para com quem discordasse dele ou quando se recusava a aceitar a ajuda dos amigos porque “ninguém o compreende e só ele sabe o que é melhor”. Excesso de síndrome de protagonista ou sintomas da idade do armário? Eis a questão.
5. A Lógica Errónea da Varinha de Sabugueiro
A Varinha de Sabugeiro é a varinha mais poderosa que existe. A varinha escolhe o feiticeiro e a Varinha de Sabugueiro demonstra a sua lealdade a quem derrota o seu dono. O Draco desarma o Dumbledore na Torre de Astronomia e a varinha passa a ser-lhe leal, mesmo ele não sabendo da sua existência, e na Mansão dos Malfoy, o Harry desarma o Draco (quando o Draco está a usar a varinha que comprou no Ollivander’s) e a Varinha de Sabugueiro passa a pertencer ao Harry. Até aqui tudo certo. Mas, contrariamente ao que acontece no filme, no último livro o Harry decide devolver a Varinha de Sabugueiro ao túmulo de Dumbledore e acredita que, contanto que morra por causas naturais, a varinha se tornará obsoleta e perderá os seus poderes. Mas, tendo em conta que foi tão fácil para o Harry tomar posse da varinha, quem garante que não o será também para outra pessoa? Afinal, basta ser desarmado e, tendo em conta que o Harry se torna Auror, não é uma possibilidade assim tão descabida. Não consigo conceber que o Harry realmente acredite que aquela será a alternativa correta para “destruir” a Varinha de Sabugueiro, e pior ainda, que Dumbledore concorde com ele. O plano do Harry apenas resultará em mais uma sequência de transmissão de posse infindável… o que significa que a varinha nunca perderá o seu poder e terá sempre um novo dono.
6. Albus Severus Potter
Tanta, mas tanta gente que o Harry poderia homenagear. Foram tantos os que lutaram por ele, que morreram por ele, e de todos ele escolhe homenagear o homem que o maltratou durante seis anos? Por que não Albus Dobby Potter? Seria uma consideração tão mais merecida. Não nego que o Snape teve o seu mérito, afinal, foi agente duplo e arriscou a vida pela causa, mas mesmo ignorando o facto de todos os sinais de afecto que demonstrava pela Lily se assemelharem mais a uma obssessão duvidosa que a um grande amor, isso não apaga o seu comportamento enquanto Professor de Hogwarts. Todas as vezes que assediou o Harry, rebaixou o Neville, a Hermione e todos os outros. O Snape era um bully. Merecia reconhecimento pelo seu sacríficio, sim, mas estava longe de ser um anjo. Não era para tanto.
2 Comentários
A Vintage World
17 de Março, 2021 at 18:19Estou neste momento a reler a saga e vou estar atenta a certas coisas que salientas. Super concordo com aquilo do nome do Snape, tanta gente boa que ele teve ao seu lado, para depois dar o nome de um autêntico bully, enfim…Sempre que li os livros o Harry irritava-me um pouco, parecia ter o ego em alta sempre, vou ver se volta a irritar nesta releitura. Ainda bem que alguém vê esse lado no trajeto do Dumbledore na narrativa! Agora. tenho de admitir, que me magoou ver o que pensas sobre o Ron, eu adoro-o, mas consigo perceber o que dizes e, uma vez mais, vou estar atenta na releitura para perceber mais esse lado.
Elga Fontes
19 de Março, 2021 at 13:43Ahahah, a sério que eu tentei ser mais branda com o Ron, mas não deu, as atitudes dele nos livros deixavam-me completamente revoltada!
Boa releitura 🙂