Autor: Alex Schulman
Editora: Porto Editora
Publicação: Abril de 2021
Género: Ficção
Páginas: 222
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(O livro ficará disponível para compra dia 22 de abril)
Sinopse
«Como chegámos a este ponto? Como pudemos nós os três, que éramos como um só na infância, afastar-nos tanto uns dos outros? Quando nos tornamos estranhos? O que aconteceu?
Três irmãos regressam à casa de campo junto ao lago onde, duas décadas antes, um terrível acidente mudou as suas vidas para sempre. Levam com eles as cinzas da mãe, cujo último desejo os apanhara de surpresa: sempre pensaram que ela desejaria ser sepultada ao lado do falecido marido.
Benjamin segue ao volante, conduzindo o carro e os irmãos numa viagem através do tempo, até uma época em que eram crianças entregues a si mesmas, perante a indiferença dos pais. São agora adultos. Três estranhos, inevitavelmente unidos por uma história comum de lutas pela atenção do pai e pelo amor imprevisível da mãe.
O falecimento da mãe traz velhos traumas à superfície, e a tensão entre os irmãos aumenta. Que segredo terá ficado enterrado no seu passado?»
Avisos de Conteúdo: violência, tortura, violência doméstica, morte, alcoolismo, depressão, tentativa de suicídio, descrições gráficas, bullying;
Apreciação
Capa: ★★★☆☆
Edição: ★★★★☆
Escrita: ★★★★☆
Enredo: ★★★☆☆
Personagens: ★★★★☆
Responsabilidade: ★★★★☆
Sentimento: ★★★★☆
Apreciação Geral: ★★★★☆
Opinião
Este livro foi-me oferecido pela Porto Editora e, apesar do início conturbado, acabou por se revelar uma agradável surpresa. Quero começar por dizer que esta não é uma história para quem não gosta de narrativas errantes. Não existe uma sequência lógica de acontecimentos que mantenha acesa a chama do interesse, comparando-se mais ao folhear de um álbum de fotografias que nos transporta para memórias específicas da infância das personagens.
«O que está a acontecer nestas escadas de pedra, onde os três irmãos estiveram a chorar com caras inchadas e ensanguentados, é apenas o último círculo na água, o círculo mais afastado do ponto onde a pedra se afundou.»
Acompanhamos os relatos e memórias da infância e juventude de três irmãos que após vários anos afastados se reencontram aquando da morte da mãe, despertando rancores antigos e emergindo velhos segredos. É uma história sobre perda, irmandade, traumas e luto. A forma como estas temáticas são abordadas é gradual, desenvolvendo-se num crescendo sombrio que expõe a dura disfuncionalidade de uma família aparentemente normal.
Foi uma leitura que demorou a entranhar-se. O ritmo lento e a linha de tempo desconexa dificultaram-me a introdução à história, mas, com o avançar das páginas, comecei a encontrar a magia de cada um dos relatos e a somá-los, um a um, num puzzle de sentidos. A narrativa está estruturada de forma não linear, numa subversão da cronologia que se desenrola de trás para a frente, começando pelo fim e cruzando memórias com acontecimentos presentes numa trajetória que culminou numa reviravolta surpreendente e num desfecho arrebatador.
As personagens dão-se a conhecer pelas suas atitudes, contadas através da perspectiva de Benjamin, o irmão do meio. São poucas as descrições objetivas, o que, de certa forma, tornou a experiência mais realista porque, no final do dia, o que sabemos das pessoas que fazem parte da nossa vida é um produto da nossa observação direta e das conclusões que daí retiramos. A escrita, apesar de em certos momentos se tornar arrastada, possui um carácter descritivo que apela aos sentidos, tornando a narrativa muito sensorial, poética, quase imersiva. Senti-me transportada para aquele ambiente da Suécia, para a casa do campo, a floresta de abetos, o lago de águas frias e até a infame estrada de terra batida.
Gostei muito deste livro, mas não consegui gostar dele do início ao fim. Tal como o desenrolar da história, foi um processo gradual, que levou o seu tempo, mas que acabou por valer a pena.
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