Opiniões

“Deus Ajude a Criança” de Toni Morrison

Autor: Toni Morrison
Editora: Editorial Presença
Publicação: Abril de 2016
Género: Ficção
Páginas: 157

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Sinopse

«No centro do primeiro romance da autora ambientado na atualidade, está Bride, uma jovem ousada, confiante e bem-sucedida, de uma beleza extraordinária, «negra como a noite, negra do Sudão». Mas a mãe, Sweetness, de tez mais clara, nega à filha a mais simples forma de amor, precisamente por causa do seu tom de pele. Às vezes é preciso uma vida inteira para perceber «que o que fazemos aos nossos filhos importa. E que eles podem nunca esquecer.»
Depois há também Booker, o homem que Bride ama e que vive atormentado pelo passado, e Rain, uma misteriosa criança branca que cruza o seu caminho.

Neste romance intenso e provocador, Toni Morrison mostra-nos como a infância afeta todos os aspetos da vida adulta, como uma música de fundo que nunca deixamos de ouvir.»

Avisos de Conteúdo: racismo, pedofilia, violação de menores, abuso sexual, morte, tortura, violência, violência doméstica, mutilação, mutilação genital, descrições gráficas;

Apreciação

Capa: ★★★★☆
Edição: ★★★★☆
Escrita: ★★★★★
Enredo: ★★★★★
Personagens: ★★★★☆
Responsabilidade: ★★★★☆
Sentimento: ★★★★★
Apreciação Geral: ★★★★☆

Opinião

“O que fazemos às crianças tem importância. E elas talvez nunca esqueçam.”

É a premissa que arranca esta maravilhosa história de Toni Morrison. Quando Bride nasce com um tom de pele mais escuro do que o desejável, Sweetness, a mãe, encarrega-se de incutir na sua educação a mesma violência e repulsa que lhe estão reservadas pela sociedade da época. Até ao dia em que Bride aprende a usar a negritude como uma arma e se torna numa mulher de sucesso. Ainda assim, as crenças que lhe foram transmitidas na infância acompanham-na como uma sombra que escurece a perspectiva que tem do mundo, dos homens e até de si própria.

Através de uma narrativa fragmentada nos pontos de vista de diversas personagens, somos imersos num cenário de amores, desamores, mentes perversas e inocências conspurcadas. É uma história que nos espanca e arrebata, envolvendo-nos nos traumas das personagens de tal forma que os sentimos no nosso âmago, como se fossem nossos para carregar. E, de certa forma, até são. Quem nunca se sentiu dividido entre o dever de fazer o que é correcto e o desejo de obter a aprovação de quem mais amamos? Quem nunca sentiu o coração ser despedaçado em bocadinhos? Quem nunca se sentiu perdido neste caos que é a vida, tentando agarrar-se aos mais ínfimos vestígios de amor e validação suficientes para nos manter à deriva?

Toni Morrison aborda todas estas questões através de uma escrita sublime e implacável. Assim que se começa, fica difícil parar. É uma história de ritmo e compasso sobre infância e raça em justaposição com o corpo e a feminilidade. Adorei este livro, mas reconheço que nem toda a gente sentirá o mesmo. Além de não seguir a estrutura de uma narrativa convencional, a autora não se preocupa em ser delicada nos temas que aborda e não poupa os grafismos. Procedam com caução.

 

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